Sente-se a excitação no ar, à medida que os dias passam e a azáfama se intensifica lá para os lados da Piedade.
As conversas desaguam na festa e de por todo o lado só se houve falar no São Mateus. Centenas de anos depois, a maior romaria do sul do país continua a marcar a vida da cidade de Elvas e da região.
Enquanto o dia de Pendões não chega e a festa não tem início, a cultura dá o pontapé de saída como já vem sido hábito. Desta feita pela mão de dois elvenses, um nascido e criado, outra adotada mas que sente a cidade como sua.
O primeiro deles, apesar de exercer a sua atividade profissional em Lisboa, na Antena 1, traz a sua Elvas no coração e, assim que pode, foge para a terra natal onde com a sua câmara fotográfica tem inventado e reinventado novos ângulos que valorizam o património edificado e chamam a atenção dos milhares que o seguem nas redes sociais. Este São Mateus fez-se-lhe justiça com uma exposição na Casa da Cultura patente até 12 de Outubro.
José Manuel Silva, “em nome próprio”, expõe nos antigos Paços do Concelho mostrando-nos o Alentejo e as suas cores. Ainda não tive oportunidade de visitar, mas já a tenho agendada para os próximos dias.
Parabéns ao autor.

Tânia Morais Rico é o outro nome que marca o arranque cultural do nosso São Mateus. Historiadora e responsável da biblioteca da cidade, a Tânia aceitou o desafio de investigar e produzir um novo documento sobre o culto ao padroeiro: o Senhor Jesus da Piedade.
Pela mão da editora Booksfactory de Paulo Lavadinho, com imagem gráfica de Miguel Silva, apoio do historiador Rui Jesuíno e fotografias do professor Jacinto César, Tânia Morais Rico conta-nos ao longo de cento e algumas páginas a origem da devoção, fala-nos dos ex-votos, mas também da feira e da romaria.
Depois de mais de cinquenta anos sem sair à luz uma publicação que perpetue e dê a conhecer a história da apelidada maior romaria do sul de Portugal, no passado domingo ao fim-da-tarde, tendo o Santuário como companheiro, “Senhor Jesus da Piedade, história de uma devoção” foi dado a conhecer aos presentes e já faz parte da biblioteca cá de casa.
Felicito também a sua autora pela generosidade de valorizar o espólio cultural da cidade.
São cada vez mais os apaixonados por Elvas, nascidos ou adotados, que dedicam algum do seu tempo a acrescentar-lhe valor através das mais diversas formas de expressão, acalentando-nos a esperança de um futuro vivo e promissor, de uma cidadania ativa, construtiva, que a todos deve orgulhar-nos.
Que venha então a festa, revestida de foguetes e morteiros, de bandas de música a entoar o hino do Senhor da Piedade, a devolverem-nos o arrepio da presença, um ano mais, aos seus pés, para agradecer, para pedir ou simplesmente para o reencontrar.
A todos desejo um excelente São Mateus, vivido em festa, no convívio com familiares e amigos, preservando a romaria.
Palavras leva-as o vento.